quinta-feira, 28 de abril de 2016

Soneto do Sorriso Inebriante

Bruno de Castro Lima Sichieri

Através de um sorriso inebriante
Cores azuis irradiaram som;
E o coração, enfim, preponderante
Transcreveu cada tom e semitom

Em uma linha de paixão picante!
Com acordes e cifras de batom
Escarlate - e olhar purificante -
Aos que cultivam dessa arte o dom.

Sinta o índigo lá no firmamento
Abraçar como a névoa o assustado,
Enfeitiçado à limpa luz do advento.

Enevoa o perfume o sentimento
De doces sensações, cristalizado,
O decolar da passarinha ao vento.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Brilho dos Teus Olhos

Bruno de Castro Lima Sichieri

O brilho dos teus olhos negros, tão
Lindo, intenso, invadiu meu coração,
Apaixonado, vivo e sempre atento
À luz que nos coloca em movimento!

E cintilante, chega essa emoção:
Desperta e fortalece o sentimento
Que contraria a força da razão...
Mas cada sintonia há seu momento,

E cada sintonia há o seu amor!
Hoje, no entanto, um pouco mais além;
Talvez amor além do amor, não sei...

Fiz poemas, respostas eu busquei...
Respirei... Há teu cheiro aqui também...
Mas será que isso explica esse esplendor?

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Para seguir em frente

Bruno de Castro Lima Sichieri

O leite derramado agora tem
O gosto amargo. Faz de quem chorou,
Pela tragédia desta perda, bem
Ou mal. Eu sofro por saudade. Sou,

Sinto-me um pobre cachorrinho sem
Cuidado e amor de quem o cativou
Outrora. Fui abandonado além...
Ficaram mágoas e sozinho estou.

Lamento o fim daquilo que não quis
Continuar. Ou nunca talvez possa
Ter existido mas pensei que sim.

O desapego é importante enfim...
Fico sem força, mas sair da fossa
É um bom início para ser feliz...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

OS OLHOS DO POETA

O poeta tem olhos de água para reflectirem todas as cores do mundo,
e as formas e as proporções exactas, mesmo das coisas que desconhecem.
Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas,
e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria,
com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento.

Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias vencidos
e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias
e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da Terra
e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas
e a luz do deserto incandescente e trémula, e os gelos dos pólos, brancos, brancos,
e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram
e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando como contos de fada à hora da infância
e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas
e correndo pela costa de mãos jogadas prò mar amaldiçoando a tempestade:
‑ todas as cores, todas as formas do mundo se agitam nos olhos do poeta.

Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório,
sai uma estrela voando nas trevas,
tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes.

E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta
que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo.

Manuel da Fonseca, “Rosa dos Ventos” (1940) in Obra Poética, Lisboa, Editorial Caminho, 1984, 7ª ed. revista pelo autor.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Soneto dos meus trinta anos

Bruno de Castro Lima Sichieri

Sente-se a falta do calor humano.
Sente-se a falta de não ter um plano.
Atrasado, arrasado, sem horário...
Vive-se a vida em busca do salário.

Vive-se o mundo assim tão solitário.
Sente-se a dor que vem no aniversário
Em que o tempo lhe mostra o ledo engano
De ilusões que se criou ano após ano.

Canta-se ao mundo inteiro o desconforto
Ao perceber seus sonhos distanciando.
Porém, se cantas: porque não estás morto.

Conecta-se. Transforma-se, minguante!
Reascende-se a vida sempre quando
Busca-se pela flor que existe adiante.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cartas do Passado

Bruno de Castro Lima Sichieri

Lembranças de amizades curiosas
É neste humilde verso que as resgato;
É como a fonte que dá vida às rosas
Adormecidas pelo tempo ingrato.

Situações inocentes, carinhosas,
Da nossa infância no momento exato.
Imagens da lagoa, bichos, prosas...
Na memória, belíssimo retrato.

Relembro cada lance motivado
Pela saudade, no contexto puro
Da emoção e constante aprendizado.

Dez anos passam em segundos, juro.
Nossas cartas escritas no passado,
Nossas vidas, distantes no futuro.
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